domingo, 26 de fevereiro de 2012

O adeus de Stefan Zweig

Stefan Zweig amou o Brasil que o acolheu. O escritor austríaco já era famoso no mundo inteiro quando chegou ao Rio de Janeiro, em 1936. Esperava encontrar “uma daquelas repúblicas sul-americanas que não distinguimos bem umas das outras, com clima quente e insalubre, situação política instável e finanças em desordem…”, como escreveu em seu livro Brasil, um país do futuro. Mas ao desembarcar, a sensação foi outra: “Fiquei fascinado e, ao mesmo tempo, estremeci. Pois não apenas me defrontei com uma das paisagens mais belas do mundo, esta combinação ímpar de mar e montanha, cidade e natureza tropical, mas ainda com um tipo completamente diferente de civilização”. Em 1941, sem poder voltar a Europa por causa da II Guerra, mudou-se para Petrópolis, no Rio, com sua segunda esposa, Lotte. Ao lançar Brasil, um país do futuro, foi acusado por alguns de ter feito o livro por encomenda do governo Vargas, o que ele fez questão de desmentir em sua última entrevista: “Em quarenta anos de vida literária, me orgulho de nunca ter escrito um livro por outra razão que a da paixão artística, e jamais visando uma qualquer vantagem pessoal ou interesse econômico.”

Em 23 de fevereiro de 1942, há exatos 70 anos, depois de uma alta dose de barbitúricos, Stefan Zweig e sua esposa foram encontrados já sem vida pelos empregados da casa. Abraçados na cama, eles preferiram deixar a vida “de cabeça erguida” a continuar vendo os horrores do nazismo. Sobre a mesa de cabeceira, estava uma declaração em que Zweig agradecia ao Brasil e explicava o porquê de estar indo embora tão cedo.